quarta-feira, 15 de maio de 2013

#GOG79 (2013)

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#GOG79 de Jorge Álvaro é uma curta-metragem espanhola que nos transporta para um submundo empresarial e cibernético que pela crueza dos relato nos "encosta" literalmente à parede.
Xavier (José Ortiz) é entrevistado para nos falar sobre a sua profissão... Ele é um "comunity manager"... gere conteúdos de certos produtos, marcas ou personalidades e lança-os(as) nas redes sociais para aquela que é a melhor forma de marketing alguma vez obtida onde, como diz o próprio, pode "testar produtos (ou venenos) e vender os antídotos".
Sem qualquer ideologia ou princípio mantendo-se sempre como um outsider daquilo que promove, o único objectivo deste homem que exibe uma conhecida e igualmente assustadora caracterização, é o encarnar o rosto visível de uma sociedade em que vivemos que, sem qualquer pudor ou transparência "decide" não só as ditas tendências de mercado como constrói e destrói reputações com igual facilidade.
Sem entrega, dedicação ou identificação esta personagem criada por uma soberba interpretação de Ortiz através de um actual e muito competente argumento de Jorge Álvaro e Francisco Albilares, mostra-nos um olhar frio e bastante cru de toda a publicidade que gira diariamente à nossa volta bem como nos mostra o quão susceptíveis somos à mesma e como dela dificilmente escapamos.
No final além daquele tenebroso corredor que tem de percorrer onde sentimos não só o vazio do seu dia-a-dia como também a forma como este o afecta (quando nele pensa), resta-nos a sensação de que assistimos a uma verdade da qual não queremos fazer parte (ou nela pensar), mas que está enraízada nos nossos hábitos e costumes e, como tal, dali não escaparemos... afinal, tal como nos diz "Xavier", antes dormir com as madames do que com as putas da rua, que em linguagem mais polida significa... que interessa a forma como se vende ou o mal que faz quando certos produtos ou pessoas contribuem para uma certa ilusão de "segurança" da qual não queremos escapar nem tão pouco pensar pois, na prática, o esforço exigido seria muito mais desgastante.
Uma curta-metragem forte que apesar de decorrer num único espaço físico e temporal contém uma sentida tensão e uma reflexão preocupante sobre uma sociedade em que todos vivemos... despreocupadamente.
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9 / 10
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2 comentários:

  1. Totalmente de acuerdo con la crítica, recomiendo el visionado del cortometraje por lo adecuado y oportuno de la visión que presenta de la actualidad.

    Saludos.

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  2. Gracias por tu comentario Nacho

    Un saludo desde Lisboa :)

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