segunda-feira, 15 de julho de 2013

O Princípio do Fim (2012)

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O Princípio do Fim de André Agostinho e Joel Rodrigues é uma curta-metragem portuguesa de ficção que esteve presente na selecção do MOTELx em 2012, e que o argumento que os dois realizadores escreveram em parceria com Rodolfo Silveira nos transporta para o fim do mundo a 21 de Dezembro do referido ano.
Ao contrário de um qualquer cataclismo natural que iria eliminar a raça humana, esta encontra o seu fim através de um misterioso vírus que "zombifica" o comum mortal e, como tal, se propaga ao estilo de pandemia sem qualquer tipo de controle e do qual aparentemente ninguém escapa.
É neste contexto que Nuno (Joel Rodrigues) e a sua mulher Andreia (Catarina Anacleto) que vivem uma aparente crise matrimonial se encontram e que dão as boas noites a Raquel (Matilde Rijo), a sua jovem filha que aparenta estar febril.
Quando Nuno se desloca à farmácia e Andreia relaxa no seu banho, fica claro que algo está prestes a acontecer e que a normalidade como eles a conheceram é apenas uma memória do passado... Até que Raquel o confirma...
Normalmente quando nos é apresentado um filme de apocalipse zombie a primeira coisa que qualquer espectador pensa é "ok... mais um", e neste momento apenas podem acontecer duas distintas soluções. A primeira, e talvez mais comum à maioria das pessoas, é seguir em frente e não pensar mais no assunto, e a segunda é claramente optar por ver o filme e esperar o que de lá vem... Com O Princípio do Fim quem opta pela segunda hipótese escolhe, claramente, a mais acertada. Os porquês...
Se inicialmente pensamos que este tipo de filme e a sua história não varia muito e poucos são os elementos originais que lhe estão associados, é certo que apesar de uma boa parte da história ser já de certa forma esperada, não é menos certo se disser que os elementos inovadores e que nos atraem estão lá presentes e são altamente recomendados. Sem revelar muito porque é preciso ver, o segmento em que "Nuno" sai finalmente da sua casa rumo a um destino incerto dentro do seu próprio prédio é dos mais originais e tecnicamente apelativos que vi num filme português nos últimos tempos e, a bem da verdade, só é pena que não existam mais ao longo do filme e que este não seja uma longa-metragem do género pois seria certamente um filme que eu não iria perder.
E o mesmo poderia dizer da caracterização dos actores. Se a efectuada à pequena Matilde Rijo aparenta não ser a mais bem sucedida e muito do "terror" que lhe está inerente ser graças aos efeitos utilizados durante a própria filmagem, não é menos verdade dizer que a dos actores adultos e figurantes que fazem parte desta curta estão bastante competentes e poderiam facilmente competir com qualquer produção mais "abonada" de fundos vinda de outro qualquer país "especialista" no género em questão. E quem não acredita basta seguir alguns dos tensos momentos em que "Nuno" desce a escadaria do seu prédio e encontra alguns inesperados vizinhos, num segmento tenso e do mais genial que vi para um filme deste género.
Finalmente, e apesar de ser um pouco previsível e esperado o que decorre no segmento final, não é menos verdade que apesar de terminada a curta, qualquer um de nós fica a pensar o que terá acontecido "depois", e se a "Andreia" de Catarina Anacleto não terá conseguido dar a volta como o fez na sua casa quando consegue fugir do duche sem que nada lhe aconteça.
O potencial existe e cumpre aquilo a que se promete, e ainda deixo uma nota positiva à direcção de fotografia de André Agostinho que consegue criar um ambiente tenso graças à parca iluminação que dá aos espaços ao mesmo tempo que transforma toda a curta num típico filme B, mas muito cool, bem como aos efeitos especiais de Joel Rodrigues que primam pela originalidade e pela sensação de jogo dentro do filme que consegue aligeirar a tensão e entregar ao espectador uma estranha sensação de vitória.
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8 / 10
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1 comentário:

  1. Olá Paulo muito obrigado pela critica. Vou apenas deixar aqui uma curiosidade referente à caracterização.

    A caracterização da Matilde teve de ser deixada para os efeitos porque por forma a que o sangue podesse ser comestivel e por forma a que a Matilde não se importasse com o mesmo eu tive a brilhante ideia de o fazer com mel. O que aconteceu? O óbvio, mas que eu não pervi. Assim que terminei de caracterizar a pequena Matilde (apenas 5 anos) e ela provou o sangue, em menos de 2 minutos já não havia caracterização porque a Matilde a tinha comido. Tentámos várias vezes mas não conseguimos, ela comia sempre a caracterização. Já com os figurantes adultos lá conseguimos convence-los de que a caracterização não era para comer embora alguns o tenham feito, incluindo eu que estava constantemente a lamber a mão.

    Acabamos recentemente mais um filme de terror e desta vez o sangue não foi feito com mel.

    Abraço e continua o bom trabalho,
    Joel Rodrigues

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