sábado, 25 de abril de 2015

Ar(t)menians (2015)

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Ar(t)menians de Ricardo Espírito Santo é um documentário português que relata uma viagem na primeira pessoa à primeira nação Cristã - a Arménia - e a sua História, costumes, tradições, língua, paisagens e o genocídio de que foi alvo pelas mãos do Império Otomano no início do século XX.
A primeira interessante questão que este documentário nos coloca prende-se imediatamente com o facto do que conhecemos nós realmente sobre este país que se localiza no extremo oposto do continente Europeu? Com uma incontornável ligação entre os dois países graças à Fundação Calouste Gulbenkian - mecenas natural da Arménia que encontrou refúgio no nosso país -, que ligações existem entre Portugal e a Arménia para além da evidente?
Percorrendo um pouco toda a História do país, Ar(t)menians é um documentário faz esta viagem através dos tempos em que apresenta a nação sem Estado, a ocupação, os traumas de um genocídio ainda não reconhecido internacionalmente pelo seu perpetrador e também a diáspora e a formação de famílias fora da nação-mãe à qual muitos regressam mantendo um vínculo forte e presente gerações após gerações.
Com uma presente e constante mensagem de aceitação e compreensão da História passada, Ar(t)menians vive ainda de uma vontade de redenção sentida pelo povo retratado que não vê o seu próprio passado perdoado ou reconhecido - pelo menos não os seus momentos mais negativos referindo-se claramente ao genocídio - mas, ao mesmo tempo, não se sente uma vontade de vingança - mas sim justiça - que poderia ajudar a ultrapassar um passado com um século mas que é ainda uma "aresta" não limada da própria História. Assim, o sentimento geral que este documentário nos apresenta é a necessidade de fazer definitivamente as pazes com o passado e abraçar o futuro, acolher aqueles que fizeram as suas vidas fora do país e num espírito de irmandade abraçar a vizinhança num espaço geográfico que tem ainda, infelizmente, alguns conflitos sociais e religiosos por resolver.
Interessante do ponto de vista histórico e uma fresca abordagem não só a um povo como a um Estado e Nação que se encontram a milhas de qualquer referência histórica próxima de Portugal, Ar(t)menians prima pela capacidade de nos apresentar a um espaço geográfico que se mantém ainda como um perfeito desconhecido dos portugueses.
Destaque ainda - pela positiva - para a direcção de fotografia de Pedro Magano que nos apresenta todo um espaço distante que em diversos momentos nos faz lembrar locais e paragens bem próximos daquelas que habitualmente conhecemos.
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8 / 10
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